É comum no tempo do Natal visitas e doações às pessoas em estado de vulnerabilidade, atitudes louváveis. Nesta linha, com um diferencial inédito, um grupo de voluntários (as) das áreas de arquitetura e engenharia de posse de seus saberes e conhecimentos técnicos, no sábado (19), realizaram ‘visita solidária técnica’ ao bairro ‘Pátio da Estação’, local invisível no centro da cidade, localizado em frente da Rodoviária Francisco Torres.
O grupo composto por José Gomes e Laura Jane, ambos arquitetos e Renan Henrique, engenheiro civil, estiveram no local pela primeira vez. A equipe ambiental do MEP levou os profissionais ao local e ficaram impressionados com a falta de acessibilidade e mobilidade das 17 famílias residentes na localidade, algumas com mais de 30 anos de moradia no local.
– Impactou-me o fato de ser uma comunidade totalmente invisível para a sociedade e os poderes públicos. São pessoas, algumas há mais de 30 anos no local, que incrustados entre a linha férrea e usina em espaço que a eles pertencem, por direito estão agredidos na sua dignidade. É grave, e muito triste presenciar isto – declarou o professor José Gomes, arquiteto aposentado ao conversar com os moradores e observar a situação estrutural.
Reações:
Fátima e a filha Letícia, moradoras, há mais de 30 anos relatou estar cansada e desesperançada.
– Ninguém olha pela gente, já vieram aqui estudantes, advogados, um grupo de engenheiros e não deram solução. Daqui não sairemos para morar em caixotes, queremos que dêem um jeito no acesso. É triste ver doentes, idosos sendo carregados escada acima, e até falecido em saco, pois nem funerária entra aqui, – desabafou indignada Fátima.
ENCAMINHAMENTOS
Após visita e avaliação estrutural do local, os técnicos, a partir dos indicadores dos moradores farão uma proposta emergencial para solução de acesso vertical com olhares para travessia da Rodovia 393. “Vamos trocar ideias e montar coletivamente algo alternativo e viável e apresentar à comunidade”. Indicou Laura Jane, arquiteta, ligada à Associação dos Engenheiros e Arquitetos de VR.
O engenheiro Renan Henrique fez várias anotações e acredita que o trabalho coletivo fará a diferença. “Vamos trocando ideias no grupo e incorporando outros atores, certamente encontraremos uma solução viável”.
Ciente da visita, a professora Silvia Real, da Equipe Ambiental do MEP louvou a iniciativa. – A iniciativa do MEP e dos profissionais nesta visita e na procura de alternativas é exemplar. Sugiro aos técnicos incorporarem o trabalho como elemento do Seminário Socioambiental e de Políticas Urbanas que Movimento realizará em 2021, e claro somada à necessária visibilidade e movimentação da sociedade para acelerar as demandas mais urgentes dos moradores, afirmou Silvia Real, também conselheira do MEP.