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Volta Redonda conta com consultório móvel para atender pessoas em situação de rua

Equipe multidisciplinar faz os primeiros atendimentos e apresenta serviços de saúde oferecidos pela Rede Municipal

A Prefeitura de Volta Redonda, através da Secretaria Municipal de Saúde, conta com um projeto específico para atendimento de pessoas em situação de rua: o Consultório na Rua. A iniciativa prevê a atenção à saúde de pessoas que vivem em situação de vulnerabilidade, expostas ao uso de substâncias psicoativas. No município, são cerca de 200 atendimentos por mês que incluem procedimentos simples, como curativos, até assistência hospitalar, além de imunizações, realizações de exames, tratamento odontológico e consultas com médicos especialistas.

O Consultório na Rua mudou a vida de Edmilson Custódio, de 49 anos. Ele saiu de casa aos oito anos de idade, em algumas ocasiões retornou, mas sempre acabava voltando para as ruas. Da última vez, morou por quatro anos no “escritório” montado por ele na Avenida Integração, no Aterrado, trabalhando como catador de material reciclável.“As dores na coluna, por carregar muito peso e da cama improvisada nos arredores do Estádio Raulino de Oliveira, além de uma hérnia inguinal, me aproximaram dos profissionais do Consultório na Rua”,contou Edmilson.

Um evento pelo Dia Nacional da Pessoa em Situação de Rua, no dia 18 de agosto de 2017, na Praça Independência e Luz II, marcou o início da nova vida de Edmilson. “Cheguei, fui acolhido e até hoje considero esses profissionais parte da minha família”, falou, relatando que fez todos os exames necessários e cirurgia no Hospital São João Batista. Hoje ele mora com a irmã, no Aterrado, e atua como cuidador e acompanhante para internados em unidades hospitalares do município.

Outro caso considerado um sucesso pela equipe do Consultório na Rua é o do senhor Osório Ferreira Neto, com histórico de 20 anos morando na rua. “Nos aproximamos e, além do atendimento à saúde, entramos em contato com o filho dele. Fizemos ele perceber que seria difícil tirar o pai do ambiente que estava acostumado. Hoje, Sr. Osório, que é aposentado, mora numa quitinete, alugada pelo filho, no Aterrado”, disse a coordenadora do Consultório na Rua, Karla Elaine Alves.

O Consultório na Rua, criado pela Portaria nº 122 do Ministério da Saúde, de 25 de dezembro de 2011, foi credenciado e passou a atuar com equipe multidisciplinar em Volta Redonda em 2017.

A coordenadora do grupo, Karla Elaine Alves, explicou o avanço da equipe de ter uma equipe multidisciplinar no Consultório da Rua, necessidade confirmada após constatação das dificuldades de acesso aos serviços de saúde e aos vinculados à assistência social por parte dessa população em situação de rua, que inclui desdecrianças e adolescentes a adultos e idosos.

“Nosso trabalho é oferecer atenção fora dos muros institucionais, atuando no território, ou seja, na rua, onde o público alvo permanece. Fazemos o atendimento in loco, através de uma assistência multidisciplinar, intersetorial e em rede. Temos como princípios a universalidade do acesso; a integralidade da atenção; a equidade; o respeito ao modo de vida; a promoção de direitos humanos, ressaltando a inclusão social; e o enfrentamento do estigma”, afirmou Karla.

Além da coordenadora, a equipe ligada à Secretaria Municipal de Saúde é formada por um médico, um enfermeiro, um psicólogo, um assistente social, duas técnicas de enfermagem, um funcionário administrativo e um motorista. O serviço conta ainda com a parceria com o Ministério Público, Defensoria Pública e Judiciário. O atendimento na segunda, terça, quinta e sexta-feira é feito das 8h às 18h, na quarta-feira, o consultório móvel vai para a rua às 13h e encerra o expediente às 21h. A van percorre todos os bairros do município.

“À noite, o mais comum é fazer a identificação e o cadastramento de novas pessoas em situação de rua e de migrantes”, comentou Karla.

O secretário municipal de Saúde, Alfredo Peixoto, lembrou que o credenciamento do serviço para que pudesse receber verba federal e assim trabalhar com uma equipe multidisciplinar, como é preconizado pelo Ministério da Saúde, se deu no início do governo Samuca, em 2017. “Essa equipe é responsável por aproximar a populaçãode rua da Rede Municipal de Saúde, dando visibilidade aos serviços oferecidos”, disse.

“A partir do trabalho com o Consultório na Rua, percebemos que esse público não acessava os serviços e nem entendiam o que representava esse novo dispositivo que garantia seus direitos à saúde e à oferta de cuidados com dignidade e respeito”, afirmou Alfredo, acrescentando que esses profissionais ainda atuam ouvindo as histórias de vida dessas pessoas para criar e fortalecer vínculos para propor a mudança.

O prefeito de Volta Redonda, Samuca Silva, confirma a importância do Consultório na Rua como parte da assistência à população de rua no município. “Volta Redonda conta com uma Rede de Acolhimento à População de Rua com serviços ligados à Secretaria Municipal de Ação Comunitária. Temos o Centro Pop, o Quarto de Passagem e o Abrigo Seu Nadim com objetivo de promover a ressocialização e o resgate da cidadania nessa população. O Consultório na Rua é parte integrante dessa rede de proteção que visa mudar a vida dessas pessoas que hoje estão em situação de vulnerabilidade”, citou.

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