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Morre Erasmo Carlos, o “Tremendão”, aos 81 anos no Rio de Janeiro

Erasmo Carlos, de 81 anos, conhecido como Tremendão, morreu nesta terça-feira, dia 22, vítima de uma síndrome edemigênica, no Hospital Barra D’Or, no Rio de Janeiro.

Ele havia recebido alta no início deste mês. Nesta terça, no entanto, seu quadro de saúde voltou a agravar-se e ele foi internado novamente às pressas, chegando a ser entubado, mas não resistiu.

No final de agosto do ano passado, o cantor também foi internado por oito dias após contrair covid-19.

FAMA

Erasmo Carlos nasceu em 5 de junho de 1941 no Rio de Janeiro. Cantor, compositor e ator. Pioneiro do pop rock brasileiro nos anos 1960 e figura central da jovem guarda, ao lado de Wanderléa (1946) e Roberto Carlos (1941). A partir da década de 1970 sua produção musical incorpora elementos de outras frentes da música popular brasileira (MPB).

Em 1957, Erasmo é convidado por Arlênio Lívio (1942-2003) para fazer parte do grupo vocal Boys of Rock, logo rebatizado por Carlos Imperial (1935-1992) de The Snakes. Com frequência, o quarteto acompanha as apresentações solo de Roberto Carlos e de Tim Maia (1942-1998). Enquanto recebe aulas de violão de Tim Maia, Erasmo se desenvolve como versionista de canções de rock norte-americanas e europeias, como “Splish Splash” (1963), “Nasci para Chorar” (1964), “No Tempo da Vovó” (1965) e “Dia de Escola” (1965).

Em 1961 o grupo é desfeito e, no ano seguinte, Erasmo tem sua primeira composição gravada, “Eu Quero Twist”, parceria com Carlos Imperial, na voz de Agnaldo Rayol (1938). Por um breve período, faz parte do grupo Renato e Seus Blue Caps e grava em 1963 o segundo LP homônimo da banda.

 

Em 1964 dá início a sua carreira solo com o compacto “Terror dos Namorados” e, na sequência, grava seu primeiro grande sucesso “Festa de Arromba” (1965), ambos em parceria com Roberto Carlos. No ano seguinte estreia na TV Record o programa dominical Jovem Guarda, ao lado de Roberto e Wanderléa. Lançado em setembro de 1965, Jovem Guarda, comandado por Roberto Carlos, Wanderléa e Erasmo, reproduz o rock norte-americano e inglês em sua temática, sobretudo juvenis, como o primeiro amor, o desejo sexual e aventuras adolescentes. Contudo, por afirmar-se com o comportamento do público jovem e isentando-se politicamente, a jovem guarda torna-se um movimento cultural e musical brasileiro de larga abrangência. Com o êxito do programa, grava entre 1965 e 1970, seis álbuns pela gravadora RGE.

Enquanto astro da jovem guarda, Erasmo atua nos longa-metragens Roberto Carlos e o Diamante Cor-de-Rosa (1969) e A 300 Quilômetros por Hora (1970), do diretor de cinema Roberto Farias (1932-2018). Em Os Machões (1971), dirigido por Reginaldo Faria (1937), o compositor recebe o Troféu Coruja de Ouro como melhor ator coadjuvante.

Compõe o samba-rock “Coqueiro Verde” (1970) e grava canções de Caetano Veloso (1942), Ary Barroso (1903-1964) e Antonio Adolfo (1947) em seu último álbum pela RGE, Erasmo Carlos e os Tremendões (1970). Em 1971, assina contrato com a Philips de extenso catálogo voltado para a MPB. Empreende com Carlos, Erasmo (1971) uma definitiva mudança musical, distante da jovem guarda. Ao longo da década de 1970, além das próprias composições, em maioria parcerias com Roberto Carlos, interpreta canções de artistas como Taiguara (1945-1996), Belchior (1946-2017) e Gilberto Gil (1942).

Em 1980, compôs “Quero voltar”, canção do filme Os Sete Gatinhos, inspirada pelo retorno dos exilados políticos da ditadura. Na sequência, grava Erasmo Carlos Convida, uma compilação de alguns de seus sucessos cantados em dueto com nomes de relevo da MPB, como Gal Costa (1945), Maria Bethânia (1946) e A Cor do Som. Pioneira na indústria fonográfica brasileira, a proposta é replicada por diversos artistas a partir de então. Nos dois anos subsequentes, lança Mulher (1981) e Amar pra Viver ou Morrer de Amor (1982). A década termina com Apesar do Tempo Claro (1988), o último disco de Erasmo feito exclusivamente de canções inéditas até o início dos anos 2000.

Em 1997, Erasmo e Roberto Carlos são homenageados no 17º Prêmio Shell para MPB pelo conjunto da obra. O álbum Para Falar de Amor (2001) traz novas canções, em sua maioria novas parcerias com Roberto. Em 2002, comemora 40 anos de carreira com o CD e DVD Erasmo Carlos Ao Vivo. O álbum Santa Música (2004) apresenta composições exclusivas de Erasmo, sem a colaboração de Roberto Carlos.

Participa das comemorações sucessivas dos 40 anos da jovem guarda, em 2005, e lança a caixa de CDs Erasmo Carlos, o Tremendão, incluindo novamente em catálogo seus primeiros seis discos lançados entre 1965 e 1970. No ano de 2007 grava Erasmo Convida volume 2, com participações distintas da primeira edição, como os artistas Lulu Santos (1953), Marisa Monte (1967) e Milton Nascimento (1942), e bandas como Skank, Los Hermanos e Kid Abelha.

Retoma o rock em 2009 no disco Rock and Roll, produzido por Liminha (1951) e feito de canções inéditas com parceiros como o produtor e compositor Nelson Motta (1944), e os músicos Chico Amaral (1957) e Nando Reis (1963). No mesmo ano publica sua autobiografia Minha Fama de Mau.

Nos anos de 2015 e 2018, Erasmo grava respectivamente Gigante Gentil e O Amor é Isso, abrangendo um número maior de novos parceiros compositores como Arnaldo Antunes (1960), Emicida (1985) e Adriana Calcanhotto (1965). Termina a década regravando alguns de seus sambas e samba-rocks e apresentando outros inéditos em Quem Foi que Disse que Eu Não Faço Samba (2019).

Ao longo de sua carreira, Erasmo Carlos reafirma em sua obra sua posição de protagonista da jovem guarda, do rock brasileiro e da MPB, encontrando novos parceiros musicais ao revisitar sua longeva e extensa obra musical.

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